Claudilei Simões de Sousa

Mara de Paula Giacomeli

A força do pequeno negócio

Pequenos empreendimentos são responsáveis por 52{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} dos empregos no país.

Nove anos depois da criação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2006, o Brasil colhe os frutos das mudanças na legislação para pequenos negócios. O país segue, hoje, isolado na liderança em empreendedorismo, com o aumento de 23{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} para 34,5{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} de empreendedores em dez anos, segundo pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Deste total, metade corresponde a empreendedores novos – com menos de três anos e meio de atividade – e a outra metade aos donos de negócios estabelecidos há mais tempo. Essa alta taxa de empreendedorismo demonstra que, além de mais empreendedores permanecerem no mundo dos negócios, mais pessoas vêem no empreendedorismo uma oportunidade de vida e vêm trabalhando para conquistar o sonho de ter o negócio próprio.

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Cerca de 53{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} dos novos empreendimentos no Brasil são comandados por mulheres

 

Para se ter uma ideia da importância desses números para a economia, basta fazer a comparação. O pequeno negócio é responsável por mais de 52{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} da geração de empregos formais e 40{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} da massa salarial no país. Três em cada dez brasileiros adultos entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. O empreendedorismo é hoje um fenômeno global, sobre o qual diversas instituições públicas e privadas têm investido para pesquisar e incentivar. Existe uma clara correlação entre o empreendedorismo e o crescimento econômico e os resultados mais explícitos manifestam-se na forma de inovação, desenvolvimento tecnológico e geração de novos postos de trabalho. A riqueza gerada pelos empreendedores contribui para a melhoria da qualidade de vida da população e, não raro, é reinvestida em novos empreendimentos e, de maneira indireta, nas próprias comunidades.

Algumas idéias equivocadas ainda existem no senso comum. Uma delas é a de que o empreendedor é um herói solitário. Na realidade, colaboração é a palavra-chave, empreendedores de sucesso se unem a grupos e seguem trabalhando unidos em direção a um único objetivo. Outro conceito errôneo é o de que um empreendimento necessariamente precisa ser muito grande para ser considerado um sucesso. Muitas empresas que se encaixam no critério de pequena e média são bastante empreendedoras. Pequenos negócios desempenham um papel muito importante na economia. É por meio da pequena empresa que obtemos os produtos e serviços já tradicionais. Outro equívoco é pensar que as pequenas empresas, por terem incentivos especiais, contribuem pouco com a arrecadação dos estados e do país, mas a realidade é bem outra. Por se multiplicarem às milhares, essas micro e pequenas empresas acabam tendo contribuição significativa para a formação da receita federal. Entre 2007 e 2014, a arrecadação do Simples Nacional teve crescimento constante, chegando próximo a 62 bilhões de reais em 2014, sendo R$ 9,5 bilhões para os estados, R$ 5,1 bilhões para os municípios e 47,4 bilhões para a União. Os negócios de micro e pequeno porte correspondem a 95{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} do total de empresas brasileiras, empregam 52{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} da população que têm carteira assinada e respondem por 27{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} do PIB nacional.

mpe-indicadores-pequenos-negcios-no-brasil-2013-3-638Por estarem disseminados pelo Brasil, os pequenos negócios fortalecem a economia nacional e beneficiam toda a sociedade, já que podem se adaptar mais rapidamente a mudanças de rumo, principalmente em tempos de crise, que é o que temos visto nos últimos tempos. Enquanto grandes corporações foram à falência ou estão “mais pra lá do que pra cá”, os pequenos negócios que já existiam usaram sua criatividade para driblar a crise, enxergando novas maneiras de fazer seu trabalho e manter seus lucros. Além disso, milhares de novos empreendimentos surgiram durante este ano, vide a proliferação de food trucks nos grandes centros, além de salões de beleza e até serviços inusitados, como entregas de documentos e pacotes por meio de bicicletas, vending machines de flores e serviço de entrega de saladas no pote. A escassez de empregos e a oportunidade de saque do fundo de garantia para quem foi despedido fomentaram ainda mais esse mercado das pequenas oportunidades.
Recentemente, o SEBRAE, órgão que tem boa parte da responsabilidade pelo sucesso de pequenos empreendimentos no Brasil, lançou o Movimento Compre do Pequeno Negócio, realizado em 05 de outubro, quando oficialmente se festeja o Dia da Microempresa. “Foi a primeira vez que fizemos um movimento para a sociedade, para que as pessoas percebam que, ao comprar do pequeno, estão melhorando sua cidade, gerando empregos e ajudando a economia”, diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae. Para a instituição, há bons motivos para que a população concentre seu consumo nos pequenos negócios. O primeiro deles é a proximidade de casa ou do trabalho, o que evita perda de tempo com deslocamentos. Como consequência, o dinheiro fica no bairro e pode ser reinvestido em melhores instalações. Outro argumento está na geração de empregos, como lembra Barretto: “É muito comum que os jovens consigam seu primeiro emprego em estabelecimentos pequenos”.

Mas não só comprar do pequeno negócio é vantagem: vender para eles também pode ser uma excelente oportunidade de sair da crise. Frequentemente em nossas andanças pelo mercado, ouvimos de grandes empresários que não vendem pequenos volumes, porque “dá muito trabalho”. Efetivamente, há toda uma questão logística envolvida em comercializar pequenas quantidades, porém, nos tempos atuais, perder um único grande cliente pode significar a falência de uma empresa. Usando aquela velha premissa de que “não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta”, concluímos que também quando trata-se de comércio esta filosofia deve ser levada à risca. Claro que existem indústrias que produzem equipamentos e peças que só podem ser adquiridos por grandes empresas – seja por seus valores, ou por seu tamanho. Mas tirando esta pequena parcela do empresariado brasileiro, todo o resto pode – e deve – olhar com mais generosidade para os pequenos empreendimentos. Se eles são responsáveis por quase um terço do PIB do país, imagine também a sua força de compra.

E dentro do nosso mercado isso vem se confirmando dia a dia. Quem esteve visitando as últimas feiras do setor este ano pode presenciar o aumento significativo de pessoas interessadas em equipamentos de baixo custo e novas oportunidades de negócio. E quem apostou nesse nicho, está “nadando de braçada”, ainda que num ano de crise. Empresas de equipamentos e produtos para personalização são um claro exemplo disso: os estandes da Metalnox, F1 Suprimentos, Sertha Brindes, IS Suprimentos e Silksmaq (que, diferente de sua linha tradicional para serigrafia, apostou num equipamento para personalização) estiveram lotados nos últimos eventos do setor. Além disso, equipamentos de impressão digital e corte a laser “mais em conta”, porém com qualidade, também tiveram uma grande procura nos últimos tempos, tanto por novos empreendedores, quanto por quem já está no mercado e quer ampliar sua área de atuação. Outro destaque é a Papéis Havir, com seus papéis de sublimação, que podem ser encontrados atualmente em qualquer loja de produtos para sublimação. São exemplos de empresas que enxergaram a oportunidade e se deram muito bem vendendo para o pequeno.

Tomando como base a indústria gráfica – que mostrou que quem continuou apostando apenas nas grandes tiragens, cada vez mais escassas, faliu ou está por falir – podemos afirmar que o mundo, a relação de consumo e o perfil do consumidor – e do empresário brasileiro – vêm mudando ano a ano. E quem não abrir os olhos para as oportunidades – ainda que menores – de venda, pode ir pelo mesmo caminho. A saída é trabalhar mais sim, mas manter sua empresa de pé e competitiva vale esse esforço. Como disse Nizan Guanazes numa na matéria sobre mídia, que você pode ler na página 18 desta edição, “quem não estiver disposto a mudar seus hábitos, como trabalhar mais ou cancelar as férias, não conseguirá sair da crise”.
Então, mãos à obra!

Fontes:
www.brasil.gov.br,
www.faap.br,
www.sebrae.com.br,
www.pegn.com.br

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