Claudilei Simões de Sousa

Mara de Paula Giacomeli

A Saga de Clodoaldo Crocodilo – Parte 3

Mais um mês, mais uma edição do glorioso Jornal O Serigráfico, e trazemos a continuação da terceira parte da história de Clodoaldo Crocodilo.

Obrigado, querida leitora e querido leitor, por prestigiar, com sua atenção, nossa Fábula do Mundo Corporativo.

Aqui, neste tão querido espaço, por meio dessas metáforas, retratamos um pouco do que existe na selva do mundo real.

Nossa cena se abre com Haroldo Saruê chegando à casa de Clodoaldo Crocodilo com a encomenda que lhe foi atribuída: “uma caixa de doces em seu nome”.

Gelado, atônito e suando, Haroldo toca a campainha. Lentamente, o grande portão se abre. Do outro lado, está a gentil Dona Gertrudes Ovelha, pronta para recebê-lo.

— Boa tarde, “seu Haroldo”. O “seu Clodoaldo” disse que o senhor estava chegando.

— Boa tarde, Dona Gertrudes, como vai a senhora? Espero que bem — respondeu o Saruê.

— Trouxe aqui uma encomenda para o doutor Clodoaldo. Apesar de estar em meu nome, a encomenda é dele. Disseram que são doces — acrescentou Haroldo.

— Estou para ver homem que gosta de doce igual ao seu Clodoaldo. Tereteté chega caixa de doce aqui pra ele. E ele gosta tanto que guarda tudo no cofre, lá no escritório. Nem sei como não estraga! — respondeu a inocente e pura Dona Gertrudes Ovelha.

Haroldo, frio e sem demonstrar emoção, respondeu:

— Pois é, Dona Gertrudes, cada um com suas manias, né?

— O senhor não quer tomar um café e uma água? Passei agora o café — ofereceu Dona Gertrudes.

— Não vou incomodar a senhora nem os da casa? — perguntou Haroldo.

— Não tem ninguém em casa. A família viajou, foram passar uns dias na casa da mãe da patroa — respondeu ela.

— Bem, então eu aceito um cafezinho rápido e uma água, mas tomo aqui na garagem mesmo — disse Haroldo.

Mal Dona Gertrudes subiu para buscar o café, o telefone de Haroldo tocou. Era Clodoaldo, querendo saber por que Haroldo estava de prosa na garagem de sua casa.

— Nada não, doutor Clodoaldo. Só aceitei um copo d’água que Dona Gertrudes me ofereceu. Sabe como é, está muito calor — respondeu o trêmulo Saruê.

Clodoaldo monitorava tudo pelas câmeras: câmeras no escritório, na casa, por todos os lados. Sabia exatamente o que acontecia, parecia ter mil olhos.

Obviamente, estava interessado na entrega e queria garantir que tudo tivesse ocorrido conforme o combinado. Por isso, vigiava Haroldo com olhos de lince.

Haroldo nem esperou o café e a água chegarem. Pediu desculpas à Dona Gertrudes, entrou no carro e saiu às pressas. Ainda bem que carregava sempre uma garrafa d’água consigo, para, nos momentos de aperto, não passar por grandes dificuldades.

Na cabeça de Haroldo, apenas duas imagens: seu filho e sua esposa. Esse era o combustível que o mantinha firme na missão, mesmo contrariado, mesmo chateado. Sabia que aquilo não era algo agradável de se fazer, mas inspirava-se na necessidade e na adversidade para seguir o seu caminho.

No escritório, após vigiar toda a entrega, Clodoaldo já começava a maquinar novas façanhas.

Mandou chamar à sua sala Euclides Gafanhoto, responsável pelo acompanhamento das compras da unidade.

— Euclides, eu quero saber se você já organizou aquelas notas que pedi para montarmos aquela reserva — perguntou o lacônico Crocodilo.

— Doutor Clodoaldo, me desculpe, até agora não consegui fazer novas compras. Os fornecedores estão reclamando dessa ideia de alterar a quantidade de produtos e estão entregando menos — respondeu o Gafanhoto.

— Euclides, acho que você não entendeu. Eu tenho urgência nesse planejamento, e mandei você fazer isso há duas semanas. Não estou entendendo o motivo da demora.

— Doutor Clodoaldo, eu estou tentando…

E, antes que terminasse a frase, o Crocodilo deu um murro na mesa e esbravejou:

— Euclides, se eu quisesse alguém pra tentar, teria contratado um “achólogo”! Você foi contratado para resolver, não para tentar!

— Doutor Clodoaldo, me desculpe mas é o meu nome que aparece em todos os documentos. Todas as aprovações são feitas por mim. Se der algum pepino…

Mais uma vez, vociferando, Clodoaldo respondeu:

— Ô Gafanhoto! Se eu quiser conselho, eu ligo para cartomante. Se eu quiser pepino, eu como uma salada!

Lembre-se de que eu tenho todos os documentos assinados por você aqui na minha gaveta, inclusive a carta onde oriento como devem ser feitas as compras. Então, para com esse “lero-lero” e faça o que tem que ser feito!

Cheio de lágrimas nos olhos, Euclides Gafanhoto saiu da sala combalido.

Os colegas nem ousaram levantar os olhos, já estavam acostumados com as gritarias e com o clima pesado do ambiente.

Euclides atravessou a sala, entrou no banheiro, trancou a porta e ali afogou suas mágoas.

Clodoaldo, então, mandou chamar Avelino Avestruz à sua sala. Assim que ele entrou, Clodoaldo fechou a porta e foi direto ao ponto:

— Avelino, olho no Euclides. Esse cara ainda vai me dar trabalho.

— Deixa comigo, chefe. Vou marcar cerrado e botar pressão — respondeu o puxa-saco Avelino Avestruz.

— Faz o seguinte: joga a papelada das férias dele fora. Diz que a matriz não mandou nada e que você vai “verificar o que aconteceu”. E então você enrola uns três meses. Depois, quando mandarem de novo, joga no lixo de novo. Vamos dar uma canseira para ele aprender a ser mais firme.

Reflexões para o leitor:

  • Quantos líderes ainda usam o medo como ferramenta de controle, em vez de inspirar respeito genuíno?
  • Até que ponto um ambiente tóxico corrói o brilho de talentos que poderiam florescer?
  • O que acontece quando a cultura da empresa transforma pessoas em peças descartáveis em nome do poder?

Nos vemos na próxima edição

Eduardo Levy Cotes,

Consultor de Empresas Administrador Coaching

Especialista em Marketing Vendas Treinamentos Palestrante

Instagram @edulevyvendas

E-mail : atendimento@mgdmarketing.com.br

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