Claudilei Simões de Sousa

Mara de Paula Giacomeli

A Saga de Clodoaldo Crocodilo – Parte 5: O Preço da Mentira

Na penumbra da noite, entre uma baforada de charuto e um gole de whisky escocês — “gentilmente doado” por um fornecedor — Clodoaldo Crocodilo recostava-se em sua cadeira no escritório.

O bilhete permanecia sobre a mesa. Ao lado, uma pilha de papéis rabiscados com os nomes dos funcionários. Lentamente, ele comparava os traços das letras, como um detetive de si mesmo, tentando decifrar qual daqueles infelizes ousara afrontá-lo.

Bem-vinda, querida leitora. Bem vindo, querido leitor.

Outubro chegou — o mês em que as máscaras começam a cair e o ano, cansado, cobra o preço das decisões tomadas.

Com grande prazer voltamos à nossa coluna mensal no glorioso Jornal O Serigráfico, para continuar a história que tantos comentários gerou.

Afinal, o vilão do mês tem nome, dentes e alma gelada: Clodoaldo Crocodilo.

O Jogo da Humilhação

Clodoaldo já não conseguia distinguir o certo do errado. Envolto em seu próprio ego, acreditava em suas próprias mentiras e vivia num mundo onde suas verdades valiam mais que qualquer fato.

Enquanto examinava as letras do bilhete, o som agudo de uma notificação o interrompeu. Um novo e-mail.

 O remetente chamava atenção:

Administração – Matriz Madagascar.

Curioso, abriu imediatamente: “Clodoaldo, favor verificar com o setor administrativo as documentações de férias dos colaboradores.

As mesmas foram enviadas, mas o colaborador não acusou recebimento.

Precisamos conferir alguns documentos.

Estamos com uma queixa trabalhista em andamento.

Att., Administração.”

A luz amarela acendeu. Algo escapava de seu controle.

Por trás da aparência confiante e do sorriso irônico, Clodoaldo sabia: o pântano começava a secar.

Embebido pela ganância e pela própria indolência, o Crocodilo havia atravessado limites que já não sabia onde começavam.

Aquela não seria uma noite tranquila para quem sabia demais — e devia ainda mais.

No caminho de casa, pegou o celular e discou para Doutora Polenta, médica da empresa e cúmplice eventual de suas arbitrariedades.

— Polenta, quero saber como ficou o caso da Carmen Codorna — disse, direto e frio.

Do outro lado, a voz veio sarcástica:  — Boa noite para o senhor também, doutor Clodoaldo.

— Fiz exatamente o que o senhor mandou — continuou ela. — Contestei o atestado e informei no prontuário que ela não tinha nada.

Clodoaldo sorriu de canto.

— Eu não orientei nada. A senhora é médica, sabe muito bem as decisões que deve tomar.

O silêncio do outro lado foi mais cortante que a própria fala.

— O senhor deve estar brincando comigo. Faz dois meses que discutimos esse assunto! O senhor mandou alterar o prontuário! Agora vem dizer que não se lembra?

— Eu não me recordo dessa conversa, doutora. A senhora tem alguma mensagem minha? Algum documento oficial? — respondeu, cínico, afiando cada palavra como quem afiava as presas.

— Honestamente, doutor, acho que o senhor está abusando da minha paciência.

— Então vamos encerrar a conversa aqui — cortou Clodoaldo. — Espero que a senhora tenha lucidez nas suas escolhas e nas suas versões. Afinal, não acredito que queira mais problemas na sua vida.

— Como assim mais problemas? Já não bastam as arapucas em que me meti para acobertar as suas decisões?

— gritou Polenta, até ouvir o silêncio da ligação encerrada.

O Capanga de Plantão

Clodoaldo encostou a cabeça no encosto da poltrona, tragou o charuto e olhou para o teto.

Cada baforada parecia um lembrete de que estava cercado — não por pessoas, mas por segredos.

Pegou novamente o telefone e ligou para o fiel escudeiro.

— Avelino, estou sentindo cheiro de problema — disse, num tom grave.

— O que houve, chefe? É sobre o bilhete? O senhor acha que alguém pode criar problema? — perguntou o Avestruz.

— Não, Avelino. Recebi um e-mail da matriz em Madagascar. Estão questionando sobre as papeladas das férias e uma reclamação trabalhista.

— Alguém deu com a língua nos dentes, chefe. Temos que descobrir quem é.    — Exatamente. Acione nossas fontes lá dentro e descubra tudo. Preciso me antecipar aos fatos.

Do outro lado da linha, o silêncio do Avestruz foi quase um aceno de obediência cega.

O Crocodilo sabia: o pântano estava prestes a ferver.

Reflexões para você, leitor

atento

  • Até que ponto o poder é capaz de corromper a consciência?
  • Quando um líder mente para proteger o próprio trono, quem se torna o verdadeiro inimigo: os outros ou ele mesmo?
  • Quantas “Doutoras Polentas” você conhece, que se calam diante do medo de perder o emprego — e acabam se perdendo de si mesmas?
  • E quantos  “Clodoaldos”  ainda acreditam que o pântano é eterno, sem perceber que a lama também engole quem a comanda?

No próximo capítulo, saberemos se o Crocodilo conseguirá escapar das armadilhas que ele mesmo criou… ou se o bilhete misterioso voltará para cobrar o seu preço.


Eduardo Levy Cotes, Consultor de Empresas Administrador Coaching

Especialista em Marketing Vendas Treinamentos Palestrante

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E-mail : atendimento@mgdmarketing.com.br

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