Claudilei Simões de Sousa

Mara de Paula Giacomeli

A Saga de Clodoaldo Crocodilo – Parte 6: As paredes começam a ruir

— Alô, Chefe! A coisa está caótica… — O que foi, Avelino?! — perguntou o já inseguro Crocodilo, com a voz rouca de quem não dormiu direito.

Do outro lado da linha, o capanga gaguejava. Nervos abalados, semblante caído: aquele Clodoaldo confiante e mordaz já não existia. Pela primeira vez, parecia prever algo turvo e cáustico no ar.

Diferente das outras vezes em que sempre manipulou, contornou e se safou, havia agora um frio estranho na espinhela.

Querida leitora, querido leitor, chegamos à edição de Novembro — é sempre um prazer ter você aqui, no glorioso Jornal O Serigráfico, acompanhando esta fábula onde, convenhamos… qualquer semelhança com o mundo real não é mera coincidência.

O clima é tenso, burocrático, desconfortável.

Avelino, com a respiração descompassada, entrega a notícia:

— Chefe… eu fiz umas ligações lá na Matriz… e… e fiquei sabendo que a coisa saiu do controle.

Balbuciou o Avestruz, quase engolindo a língua.

— Desembucha logo, Avelino! Você já está me tirando do sério! — replicou Clodoaldo.

— Chefe… estão mandando alguém para cá. Não sei quem. Não sei quando. Só sei que é coisa grande. E chegou uma reclamação nos Assuntos Internos… mas eu também não sei do que é…

— Em resumo: você é um incompetente que não sabe de nada, não descobriu nada e não serve para nada!

Esbravejou o Crocodilo, quase engolindo o telefone.

Clodoaldo decide ir imediatamente ao escritório.

Aquela manhã estava diferente. A camisa de linho grudava no corpo. A respiração pesava. O pântano cheirava perigo.

Ao entrar, dá de cara com ela: Jovina Pantera.

A diretora de Assuntos Internos. Temida. Cirúrgica. Letal.

Sua presença ali já dizia tudo — quando a Pantera vinha pessoalmente, não era visita: era sentença.

A equipe dela já estava espalhada pelo escritório, lado a lado com os funcionários, vasculhando documentos, gavetas, computadores. Um ataque coordenado.

Clodoaldo forçou um sorriso amarelo: — Bom dia, Jovina… que surpresa agradável vê-la por aqui.

— Não quis incomodar, Clodoaldo. Estamos fazendo algumas visitas às filiais.

Retrucou a Pantera com a voz firme de quem não veio para tomar café.

Ele tentou engolir a seco. Sabia que era mentira. Se Jovina estava ali… é porque o problema era grande. Muito grande.

— Você aceita um café? — questionou o Crocodilo, enxabido, sem saber onde colocar as mãos.

— Vamos à sua sala. Tenho perguntas para você.

A Pantera não piscava.

Sentaram-se.

— Clodoaldo, você sabe algo sobre a funcionária Carmem Codorna?

O Crocodilo ajeita a gravata.

— Carmem? Ah… acho que era aquela que dizia estar doente, mas não estava. Temos laudo da nossa competentíssima médica, Doutora Polenta, dizendo que ela estava em perfeitas condições.

Jovina nem se moveu.

— Pois é… a Doutora Polenta se demitiu hoje cedo.

Foi como se alguém tivesse puxado o chão sob os pés do Crocodilo.

— É mesmo? Que coisa… — murmurou pálido.

— E o filho dela, que trabalha conosco… — Muito competente, inclusive! —

emendou Clodoaldo, tentando puxar ar. — Também pediu demissão. No mesmo minuto.

Silêncio. A camisa ensopada. O olhar perdido. O pântano afundando.

Clodoaldo tenta contra-atacar:

— Eu preciso localizar o Avelino, temos ações importantes hoje…

— Sinto muito, Clodoaldo. Ele está com a minha equipe. Respondendo perguntas.

— Perguntas? Que perguntas? — já tropeçando nas palavras.

Jovina não aliviava:

— Fiquei sabendo que você mantém controles paralelos de compras. Gostaria de ver as planilhas extras.

— Planilhas? Eu? Não tenho nada fora do sistema! — respondeu com rapidez, rápido até demais.

— Curioso… porque tem um monte delas na mesa do Euclides Gafanhoto.

Disparou a Pantera, sem alterar o tom. E completou:

— Além disso, minha equipe está agora no escritório do Gumercindo Valeta, cruzando informações.

A pele do Crocodilo gelou. O jogo tinha virado. Suas chances eram pequenas. Mas ele morreria lutando. E claro — já preparava a velha desculpa que sempre cola:

— “Eu não sabia de nada.”

Enquanto isso, pelos corredores… Haroldo Saruê, antes submisso, agora andava com passos firmes. Trazia no bolso um segredo que poderia derrubar tudo.

Seria ele o autor do bilhete? O delator anônimo? O dono da pasta escondida com gravações, planilhas e provas das “missões” que recebia do Crocodilo e do Avestruz?

Lá fora, Poeirópolis fervia. Rumores de propina. Favorecimento. Compras superfaturadas. Uma tempestade de lama prestes a estourar.

E no centro dela… Clodoaldo. Sozinho. Sem ar. Sem saída. O pântano começava a engolir seu rei.

Reflexões para você, leitor atento

  • Que tipo de cultura permite que pequenos abusos virem grandes escândalos?
  • Quantos “Clodoaldos”   já   viraram monstros simplesmente porque ninguém os confrontou a tempo?

No próximo capítulo, veremos se o Crocodilo consegue nadar contra a correnteza… ou se será finalmente arrastado pela maré da verdade.

Eduardo Levy Cotes, Consultor de Empresas Administrador Coaching

Especialista em Marketing Vendas Treinamentos Palestrante

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E-mail : atendimento@mgdmarketing.com.br

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