“Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita e é bonita!” O verso de Gonzaguinha não é apenas poesia; é um lembrete profundo sobre nossa essência. Para uma criança, a vida é pura e simples beleza. Mas, o que acontece com essa clareza quando nos tornamos adultos?
A pressa da rotina, os compromissos e as responsabilidades tendem a abafar a voz da nossa “criança interior”. Contudo, estudos da psicologia são categóricos: essa parte de nós, que carrega nossos desejos, espontaneidade e capacidade de rir livremente, precisa ser reconhecida e acolhida para o nosso bem-estar. Não é sobre regressão, é sobre cura e autoconhecimento.
Percebemos, na vida adulta, a dificuldade de cultivar novas amizades e de reservar um tempo genuíno para o lazer. A artista Nina Maia Nobre notou essa lacuna e agiu. Inspirada pela leveza dos jogos de infância, ela e amigos criaram o Keima Kengaral, um grupo de queimada.
A ideia é genial na sua simplicidade. A queimada, um jogo despretensioso, mostrou-se uma ferramenta poderosa para conectar pessoas. É mais brincadeira e menos competição, democrática e inclusiva. O sucesso do grupo prova que o anseio por um convívio mais lúdico e natural é universal.
O ato de brincar, longe de ser futilidade, é uma necessidade vital. Pesquisas confirmam: a atividade lúdica é um poderoso antídoto contra o estresse, um turbo para a criatividade e um facilitador de conexões sociais autênticas. Ao brincar, nós nos reconectamos com o presente e com a alegria que define nossa essência.
Como canta Kell Smith, em “Era uma Vez”: “É que a gente quer crescer /
E quando cresce quer voltar do início / Porque um joelho ralado dói bem menos / Que um coração partido”. A metáfora é dolorosamente real: as dores da vida adulta superam em muito os pequenos machucados de antigamente.
Não espere a dor apertar para buscar a leveza. Reserve um momento na sua semana para o lazer descompromissado. Não importa a atividade – queimada, vôlei, jogos de tabuleiro, ou qualquer hobby que te faça rir sem se preocupar com as horas.
Seu cotidiano é mais do que a rigidez da rotina. É hora de voltar a brincar. Permita-se essa reconexão. Sua saúde mental, sua criatividade e suas relações sociais agradecem. Tenha uma vida “bonita e bonita”.
Feliz Mês das Crianças a todos: aos pequenos e aos adultos que se permitem reviver a infância.
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