Quem conhece Fernando Mario Acciarito acha que ele já nasceu na Comunicação Visual. E é quase isso… Com a tradição do pai, José Acciarito, que era letrista e pintava cartazes e faixas, ainda manualmente, Fernando entrou na profissão com 14 anos, numa oficina de pintura. “Eu fui trabalhar fazendo algo parecido com o que meu pai fazia, pintando – na verdade aprendendo a pintar – faixas e placas. Depois eu fui trabalhar com o Sr. Ruiz, que era referência nesse mercado e lá aprendi muito. Como eu sempre fui muito inquieto, acabei resolvendo tentar outras coisas e fui ser bancário. Fiquei uns 2 anos no Banco do Comércio e Indústria de São Paulo e de lá fui trabalhar na Prefeitura como projetista. Como o trabalho era meio período, na parte da tarde eu comecei a ajudar meu pai na empresa e fui me aprofundando no negócio”, relembra.
Depois de quatro anos e meio, o trabalho na Prefeitura já não o realizava mais e Fernando resolveu sair e fazer uma nova tentativa. “Em 73 eu me casei e precisava ganhar melhor para assumir as responsabilidades de uma casa. Um conhecido me abriu os olhos para uma nova oportunidade mais rentável: vender roupa. Eu peguei e comecei a bater perna, vendendo roupa na rua mesmo. Ganhava muito mais do que na época da prefeitura e me virei muito bem na época. Foi nessas andanças que eu vi um ponto bom na Avenida Jabaquara, 2049 e foi ali que resolvi montar uma empresa, juntando o negócio que meu pai já tinha com meu conhecimento adquirido nos anos de aprendiz. Ali nasceu a Acciart. Eu e meu pai trabalhamos juntos, crescemos, mudamos de endereço mais 3 vezes e agora meus filhos me ajudam a tocar a empresa, que se modernizou ao longo desses anos e hoje conta com marcenaria e serralheria próprias, além dos equipamentos de impressão digital, recorte e router”, conta Fernando.
Evidentemente, histórias e casos interessantes não faltam nesses mais de 40 anos de mercado. Um dos mais interessantes refere-se à maneira como as placas eram confeccionadas antigamente: “nós trabalhávamos muito para construtoras, fazendo placas de apartamentos à venda. E antes da pintura, sempre riscávamos as letras com carvão, para termos uma ideia da disposição das letras, centralização, etc. E sempre que riscávamos as placas da Lindenberg, o dono da construtora, Sr. Adolfo Lindenberg vinha checar pessoalmente e dar um ok, algo que já não existe mais hoje em dia… Esse contato próximo com o cliente, com os donos de grandes empresas era muito comum. Nós também fazíamos as conchas – símbolo da Lindenberg – em tamanho gigante para ficar em cima dos prédios, aplicávamos um adesivo cítrico e, com a projeção de luz, parecia que ela estava acesas, chamava muito a atenção de quem passava. Tudo era feito manualmente, de maneira artística mesmo”.
O agradecimento de Fernando vai para seus muitos professores e parceiros de vida e de mercado. “O Sr. Cintra, que tinha uma oficina na Av. Jabaquara, foi pra mim um espelho, pois ele era uma referência de mercado. O Dourival Gonçalves dos Santos, um verdadeiro artista, veio trabalhar comigo e hoje é meu sócio. Reinaldo e Waldemar, que também viraram meus funcionários, também merecem meu agradecimento, além de meu pai, claro, meu grande mestre e do Sr. Ruiz, com quem aprendi muito e que depois veio trabalhar comigo. São pessoas que me ajudaram muito ao longo desses anos e com quem sempre contei. Além disso, agradeço aos muitos clientes que me deram oportunidade de mostrar o meu trabalho e me desenvolver no mercado: Rosato Engenharia, Quasar Eletrônica, Operação Engenharia, Setin, Construtora, Consórcio Técnico, com quem trabalhamos até hoje, Racional Engenharia, Construtora Adolfho Lindenberg, Pfizer, Libbs, Unilever, W Torres e tantos outros”.
Com relação às mudanças do mercado e conselhos para quem está começando, Fernando alerta: “o mercado está saturado e a concorrência é grande. Se ainda estamos no mercado é porque temos a vantagem de ter quase tudo internamente, como a marcenaria, a serralheria, router e a impressão, pois depender de serviço terceirizado é bastante complicado. Antigamente, além de não haver tanta concorrência, o mercado prezava pela qualidade artística, então, se você trabalhava direito, você conseguia fidelizar o cliente e tinha trabalho o ano todo, diferente dos dias atuais, onde o que importa é preço. E aí você acaba entrando numa situação muito complicada entre concorrer com preço e concorrer com qualidade. Quem está chegando tem que ter em mente as dificuldades do mercado e saber que vai enfrentar uma concorrência grande que, nem sempre, é leal”, finaliza.
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