Claudilei Simões de Sousa

Mara de Paula Giacomeli

Indiana Jones e a Tela Perdida – Técnicas Serigráficas Esquecidas no Tempo

Ary Luiz Bom


Meu primeiro contato com serigrafia foi em 1970. Na verdade, eu estava na transição entre o nível secundário da escola e a faculdade, e entre uma carreira como artista de gravura ou fotografia. Resumindo, lidava com diversas técnicas, mas a serigrafia tinha uma característica peculiar: diversas maneiras de “esfolar o gato”, como dizia o mote da época.

Na fotografia, o procedimento era padrão (só mudou realmente com as tecnologias digitais); no entalhe de madeira e metal, idem – mas a serigrafia podia ser feita com filme de recorte, com crayon litográfico, com cera fundente ou com exposição fotográfica.

Essa diferença acabou me fazendo “adotar a criança”, e minha curiosidade nessa matéria ainda hoje é motivação, mesmo eu tendo me dedicado profissionalmente aos aspectos mais técnicos da serigrafia.

Então, recentemente estive participando de uma live na internet, falando da serigrafia técnica, onde comentaram:

“A gambiarra não passa nem perto do Ary”. Bem, eu não sou contra o McGuyver – eu apenas acho que “soluções emergenciais” não deveriam ser usadas como padrão de trabalho (pelo bem do próprio serígrafo).

Com dois pedaços de cano de PVC, uma resistência de chuveiro e dois miolos de pilhas usadas, eu sei como fazer uma lâmpada com mais UV do que as expositoras “da moda”. (É uma glória que não desejo, mesmo porque não é algo seguro para quem usa).

(Obs.: A lâmpada de arco voltaico (Humphry Davy, ano 1800) é equivalente em luminosidade ao brilho do eletrodo na solda elétrica, usada em atividade de metalurgia. A emissão de UV pode queimar olhos e pele do incauto).

Escrevi um livro sobre tecnologia serigráfica, buscando listar todas as alternativas técnicas existentes hoje, seus fundamentos técnicos e formas técnicas de gerenciar um empreendimento baseado no que chamei de “Tecnologia Serigráfica”. O livro está disponível através do Jornal “O Serigráfico”.

Nesta coluna, espero escrever uma série de artigos sobre o “futuro do pretérito” serigráfico, ou “alternativas”, se quiserem chamar assim. Acredito que a diversidade de maneiras de resolver a transferência de imagem por serigrafia é um incentivo à criatividade e, portanto, um bem que deve ser preservado.

Também mencionei no meu livro a importância da arte, origem do meu interesse na(s) técnica(s) da serigrafia – apesar do foco do livro na tecnologia (que se traduz, na linguagem do mortal comum, como “saber fazer”).

Uma das técnicas usadas pelos cientistas e estudiosos para angariar conhecimento se chama “método empírico”.

A primeira vez que me entrevistaram (anos 80) foi sobre o tema: “Será o serígrafo um pesquisador?” Minha opinião na época era “pode ser”, embora nesta época “inventar a roda” fosse prática comum em diversos segmentos, não apenas artes gráficas (bloqueio de importações, tarifas pesadas).

O método empírico prescreve angariar conhecimento através de experimentação, e é disso que vamos falar por aqui. Digo experimentação porque não há um padrão, já que são técnicas que não se tornaram, digamos, “populares”, requerem testes práticos, que, espero, o leitor se anime em fazer.

A tal “gambiarra” é, por definição, algo provisório, mas tem o benefício de também ser uma solução, mesmo que emergencial. E permite colocar a “mão na massa do conhecimento” – motivação para falarmos sobre as “técnicas da arca perdida”. Quem sabe a gente recupere um tesouro?

Na próxima edição, começaremos a falar sobre diversas técnicas. Aguardem!

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