Se você tem jogado a rede todos os dias e ela tem vindo vazia, se você tem tentado buscar resultados e eles não estão aparecendo, esta história é para você.
Esta é a história de Martim Pescador, como o próprio nome já diz, ele herdou a profissão da família, vivia da pesca, ofício que lhe foi ensinado pelo pai, que recebeu também o ofício como legado.
Martim nasceu em um vilarejo muito pitoresco chamado ”Longe de Tudo”, perto do lindo rio “Fluxo da Vida”, que corria abertamente à beira da cidade. O rio servia de suporte para toda a população, pois fornecia água, alimento e movimentava a economia da cidade. Recebia as embarcações que traziam suprimentos e produtos que não eram fabricados na região.
Apesar da calmaria da cidade, da beleza das árvores, dos bosques e o clima muito agradável, contrastava com chegada e saída de barcos que eram diárias. Pelo menos uma vez por dia uma nova embarcação atracava por ali ou zarpava rumo ao horizonte.
Este foi o cenário de pano de fundo da vida de Martim. As novidades sobre o mundo, o que acontecia nas outras bandas do horizonte, Martim ficava sabendo por que “alguém contou para alguém” que aquilo tinha acontecido ou que “tal coisa existia”.
Televisores eram raridade na cidade, e os que existiam tinham uma grande dificuldade de sintonia, devido a localização e a distância das torres de transmissão. Os rádios já existiam em maior número, mas também transmitiam as programações que vinham das cidades mais próximas e acabavam também reproduzindo aquilo que “alguém contou para alguém”.
Quando criança, Martim se preocupava apenas em voar, brincar, estudar na pequena escola para os pássaros da região, uma vida tranquila, sem preocupações, sem contas para pagar e sem pressões diárias.
Mas como já sabemos a infância é curta, logo a magia acaba e as responsabilidades diárias surgem. Do nada, um dia se percebe que a cama está mais apertada, o sono está mais perturbado, a nítida sensação de que tem alguém dormindo com você na cama. E é verdade, é a REALIDADE, que passa a acordar com você todos os dias.
E em uma bela segunda-feira Martim acordou com esta sensação, a cama não era mais repousante e fresca, algo lhe tirava o prazer de dormir alguns minutos a mais. Era a realidade da vida lhe chamando para o trabalho.
A esta altura Martim já era um rapaz, como era o mais novo dos irmãos, mas o único homem (pássaro) da família tinha a incumbência de ajudar seu pai na tarefa de trazer o sustento para casa. Suas duas irmãs mais velhas já haviam deixado o ninho e se casaram, construíram suas próprias famílias.
Não restava outra alternativa a Martim, já que seu pai estava cansado pela idade que chegava e pelos longos anos de trabalho levando o sustento de toda a família.
Para Martim, apesar dos ensinamentos do pai e do avô, aquela seria uma nova situação, pois nunca tinha sido obrigado e tão pouco teve a responsabilidade de ser o único gerador de renda da sua família.
E por incrível que pareça, aquela que foi uma boa infância, agora se voltava contra Martim em formato de crenças, afinal seu pai não foi um pai presente, pois trabalhava o dia todo, sete dias por semana, saindo cedo e chegando tarde, exaurido e sem energias, para trocar qualquer conversa com a família.
A mãe de Martim, consequentemente assumiu o papel de líder do lar, era austera, dura nas exigências e passava o tempo cuidando da sua família, e ainda arrumava tempo para cuidar da avó do Martim, que não tinha mais a quem recorrer.
O jovem Martim agora começava a entender que a vida não era tão doce quanto ele imaginava que era, que aquilo que ele considerava normal agora apertava seu coração e lhe trazia insegurança, afinal ele não poderia falhar.
O resultado dos seus dias de trabalho não eram o que ele esperava, trazia alguns poucos peixes que mal davam para completar as refeições diárias, não sobrava para o famoso escambo de produtos. Era muito comum entre os pescadores vender seus peixes para aqueles que não pescavam ou trocar por outros produtos necessários para casa.
Ao final de um longo dia de trabalho, mergulhando no rio para tentar pescar, Martim descansava sentado à beira do cais, observando o movimento dos barcos, seu olhar longe e vazio era um convite para uma abordagem. Do seu barco o imponente Capitão Fragoso observava o que aquele jovem fazia ali sentado, aproximou-se sem ser percebido e com seu forte “Boa tarde” despertou o jovem Martim de seu transe.
— Boa tarde, meu jovem. Está perdido por aqui?
— Boa tarde, capitão. Desculpe a minha desatenção, estava aqui divagando sobre meu futuro, e sobre o que me espera.
E sem mesmo que o capitão se apresentasse ou lhe pedisse, Martim desabafou, como nunca havia feito, aquele “boa tarde” foi a válvula de escape para que o nosso amigo despejasse toda a sua angústia e fizesse um resumo de tudo que lhe acontecia.
Os anos de navegação trouxeram ao brilhante Capitão Fragoso uma habilidade fantástica, a de ficar em silêncio por várias horas, sem emitir palavras, ouvindo aquilo que o vento e o barulho das águas lhe diziam. Portanto, não foi difícil para ele acolher a história de Martim.
— Muito prazer, meu jovem, meu nome é Fragoso e vejo que você precisava desabafar, talvez por isso fui tocado a me aproximar de você.
Percebendo a indelicadeza, Martim se desculpou.
— Perdão, Capitão Fragoso, o senhor é muito conhecido por estas bandas, eu estava aqui elaborando tudo que acabei de falar e sua chegada foi só uma deixa para destampar meu ralo.
— Relaxe, meu jovem, a navegação provoca muita solidão, é sempre bom conversar e ouvir novas histórias e novas vozes. Que tal jantarmos juntos e estendermos nossa amizade?
— Lamento recusar tão honrado convite, mas o dia foi péssimo como lhe falei e não tenho nem comida para levar para casa, quanto mais pagar a conta do restaurante.
— Martim, eu não convidei você para pagar, convidei você para conversar, o resto é por minha conta, eu insisto. Pegue este envelope, passe no supermercado, leve o que precisar para sua casa, avise sua família que você jantará comigo hoje. Espero você às 20 horas.
Martim não fez cerimônias, recebeu de muito bom grado a oferta, passou no supermercado, levou alguns mantimentos para casa, surpreendeu sua mãe com os recursos que chegavam em ótima hora, contou o que havia acontecido, tomou um rápido banho, e foi para o seu compromisso.
O capitão já o esperava, sentado em uma mesa no deck, com uma bela vista para as montanhas e para o rio que refletia a luz das estrelas e da sua grande companheira de viagem, a lua.
— Venha Martim, sente-se aqui! Minha grande companheira de viagem está com seu holofote ligado para nos mostrar que sempre há uma direção a ser seguida, sempre há algo novo para ser explorado e sempre há terra firme depois das águas.
Os olhos de Martim se encheram de lágrimas, e se nada mais de bom surgisse daquele jantar somente esta frase já teria valido a pena. O coração de Martim já estava quebrantado de alegria pelas atitudes do capitão, tinha sido um ouvinte paciente, tinha sido um homem generoso, ofertando recursos e ainda um convite para jantar. Martim sabia que não ficaria só nesta frase.
— Por que o senhor está sendo tão generoso comigo? – Perguntou Martim.
— Meu jovem, quando você é lapidado pela vida, viajando muito como eu viajo, o silêncio das viagens me faz falar muito menos do que ouço. Isso me trouxe um super poder chamado sabedoria. Aprendi a ouvir a minha voz interior, aprendi a ouvir a minha Voz Superior, aprendi a ter Fé de que o dia seguinte será sempre melhor do que o dia anterior. Diferente dos demais eu não tenho para quem reclamar, então eu só agradeço. Agradeço por acordar todos os dias, agradeço por completar cada viagem, agradeço por que minha visão continua aguçada, agradeço porque tenho saúde, agradeço porque a cada dia contemplo a beleza da natureza, enfim, aprendi a viver a GRATIDÃO. E antes que você me pergunte e tenha que parar de saborear o seu filé eu vou responder a pergunta que deve estar na sua mente. Não, a minha vida não foi sempre assim, fiz escolhas, escolhas que me fizeram chegar até aqui.
— Mas eu não tenho muitas escolhas a fazer, nasci aqui, minha família é daqui, meus amigos estão por aqui. O que eu posso mudar na minha vida? Que outras escolhas eu posso fazer? – Indagou Martim.
— Martim, existe um mundo além do horizonte, existe futuro, existe progresso, basta que você ouse. Ouse, Martim, ouse! Te faço um convite, venha comigo nesta viagem, venha conhecer os lugares onde as suas asas ainda não voaram e nem a sua imaginação chegou.
Eu lhe faço uma proposta, viaje comigo, trabalhe na tripulação do barco, você terá dinheiro para mandar para a sua família e terá a oportunidade de visitar novos lugares. Que tal?
— A proposta é tentadora, afinal se eu ficar por aqui, com aquilo que que sei fazer, meu destino estará traçado. Se morássemos em outra região talvez eu pudesse trabalhar em alguma fábrica ou até mesmo estudar outras coisas, mas aqui meu futuro estará resumido a isso.
— Então seja bem-vindo Marujo, novas histórias te esperam, um novo futuro te espera!
E aqui a nossa cena se fecha para o que será a primeira parte da nossa história.
Como sempre trago algumas reflexões: O que é felicidade para você? O que é ser bem sucedido ? Você precisa reavaliar a sua mentalidade? Você está insatisfeito com que possui ou está contente? Você tem passado boa parte do seu tempo se lamentando ou tem procurado descobrir novas formas de fazer as coisas diferentes? E não confunda satisfação com acomodação. Você tem se vitimizado ou tem sido grato por aquilo que tem e tem procurado por novos horizontes?
No próximo mês a continuação desta fábula, aguardo você.
Eduardo Levy Cotes
Consultor de Empresas – Administrador – Coaching
Especialista em Marketing – Vendas – Treinamentos – Palestrante
Instagram @edulevyvendas
E-mail : atendimento@mgdmarketing.com.br