Já podemos comparar o Brasil a um submarino. Quando, em 1620, William Bourne imaginou ser possível fazer um navio ou barco capaz de flutuar e também navegar embaixo da água indo até o fundo e depois subir novamente à superfície, inventou uma das mais extraordinárias embarcações marítimas. O submarino de William Bourne era uma máquina rudimentar e foi sendo aperfeiçoada ao longo dos séculos. É claro que os submarinos modernos são utilizados hoje para inúmeras finalidades, tanto para a paz quanto para a guerra, mas é principalmente na guerra que eles afundam e não retornam à superfície. Um submarino avariado pode não ter condições para emergir, principalmente se for atingido por um torpedo com uma bomba potente e destruidora. Não restarão mais condições para voltar à tona, restando apenas, de maneira inerte, submergir constantemente e levando consigo todos os seus tripulantes até tocar o fundo do oceano acomodando-se na escuridão tétrica e aterrorizante do reino abissal para todo o sempre.
Bem trágico isso, mas é assim que consigo ver o Brasil de hoje. Um super submarino, potente e poderoso, com milhões de tripulantes, atingido por incontáveis bombas e sendo sugado para o fundo impiedosamente. Pobres tripulantes que lutam para emergir, respirar, mas a cada bomba que explode o submarino Brasil afunda mais e mais em um processo contínuo. A cada dia, novas bombas explodem e aumentam o sufoco. Cada bomba que explode leva consigo as esperanças da tripulação que luta desesperadamente para achar uma saída. Cada bomba tem característica e poder de destruição específicos. Tem nome e sobrenome: Michel Temer, Aécio Neves, Gleisi Hoffmann, Renan Calheiros, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Eliseu Padilha, Gilberto Kassab, Moreira Franco, Edison Lobão, Fernando Collor de Melo, Paulinho da Força, João Paulo Papa… Papa? Pois é, Jorge Mario Bergoglio não deve saber disso, mas tem uma bomba no Brasil com sobrenome de… Papa. Citei apenas uns poucos conhecidos de uma lista imensa que, penso, mesmo em fonte de tamanho 6, não caberia em todas as páginas desse jornal. São bombas com foro privilegiado e que precisam de votos para se reelegerem, caso contrário, perderão seus estopins e consequentemente seus poderes de destruição.
É a única maneira de emergirmos e sairmos desse sufoco. Vamos emergir e respirar Não merecemos viver no fundo do oceano, mesmo porque lá só tem lophiformes. É muito escuro e frio pra caramba.
Sinval Lima é Diretor da Brisk
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