O Brasil sempre esteve em crise e, no último ano, devido aos acontecimentos e consequentemente o fechamento de empresas de pequeno e médio porte, houve uma crescente onda de desemprego.
A primeira reação após uma demissão é para muitos a falta de comida, o que projetou uma estimativa de que o Brasil pode chegar a 20 milhões de pessoas passando fome neste ano.
Esta semana, tentando um entretenimento, me deparei com duas situações de fome extrema, ambas baseadas em histórias reais.
O filme “O Pianista”, dirigido por Roman Polanski e vencedor de três Oscar, baseado na autobiografia homônima do pianista Władysław Szpilman, interpretado por Adrien Brody, conta a deportação dos judeus para um campo de concentração após a invasão da Polônia, enfrentando perseguição, medo e fome.
Em uma das cenas, um grupo de judeus reúne algumas moedas, totalizando 20 lotes, e compra uma bala para dividir entre cinco pessoas. Comem aquele pedaço de bala, saboreando abundantemente.
A outra história foi o livro “Os Sobreviventes — A tragédia dos Andes”, escrito por Piers Paul Read, que relata o desaparecimento, em outubro de 1972, de um avião Fairchild F-227, da Força Aérea Uruguaia, e os 72 dias de luta do grupo pela sobrevivência.
Um dos capítulos conta que três dos sobreviventes saíram do Fairchild em busca de restos do avião e possíveis suprimentos e acharam, em meio a uma lata de lixo na cauda do avião, pedaços de uma bala. Se no filme O “Pianista” dividir uma bala para cinco já foi chocante, imagine dividir um pedaço de bala para três?
Esses três saborearam o caramelo sentados na neve e naquele instante ficaram muito agradecidos por um pequeno pedaço de bala.
O que me fez questionar: temos agradecido pelo nosso prato de comida todos os dias?
Você já agradeceu pela sua “bala” de hoje?
É hora de agradecermos pelo tanto que temos e nem sabemos!
Como diz o poeta e escritor brasileiro, Augusto Branco: “Agradecer o bem que recebemos é retribuir um pouco do bem que nos foi feito.”
Mara de Paula Giacomeli, é jornalista e editora do Jornal O Serigráfico