Claudilei Simões de Sousa

Mara de Paula Giacomeli

Albert Andrade: “A serigrafia segue em franco crescimento. Tem lugar para todos. Qualifiquem-se e perseverem que a vitória vem!”

Albert Andrade nasceu em Gandu – BA e conheceu a serigrafia em 1984, na adolescência, quando, ao escutar bandas de rock (entre elas AC/DC, Iron Maiden e Pink Floyd) foi em busca de alguém que estampassem o nome dessas bandas em camisetas.

“Começamos a perturbar um amigo nosso, o Gervásio, apelidado de Neguinho Art. Ele já fazia silk e queríamos as estampas dos nomes das bandas em nossas camisetas, só que um de nós, o Murilo, era muito detalhista e pedia muitas alterações. Como o Gervásio não tinha muito tempo, fui obrigado a me aprofundar no assunto e então comecei a fazer silk em tela de madeira, com organza, e afixadas com brocha de sapateiro. A arte era feita em papel ofício, eu recortava com estilete e fazia molde vazado. A partir daí, ganhei de minha mãe um brinquedo que vinha com uma tela pequena, quatro potes de tinta, um rodo pequeno e uns moldes vazados já recortados; fui usando e me aperfeiçoando”, comenta o veterano.

 Tempos depois, Albert começou a surfar e começou a fazer camisetas serigrafadas com imagens de surf, vendendo para amigos que surfavam com ele, mas foi somente em 1989, quando se mudou para a capital da Bahia, Salvador, que abriu sua empresa de serigrafia (e hoje também de comunicação visual), a Transcor Comunicação Visual.

Para Albert, não existe vitória sem luta, e um ocorrido aprovou essa assertiva:

“Por volta de 1990, peguei um serviço de 400 camisetas com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, para a festa da padroeira da cidade. Eu vi uma propaganda de uma empresa de transfer que mostrava a imagem de Nossa Senhora em formato A3 para tecidos de algodão cor clara ou branco, e logo pensei: o trabalho vai ser simplificado e rápido. Liguei para a empresa, me certifiquei, fiz o depósito e esperei a chegada do material. Eu ligava a todo instante para me certificar com a vendedora que o produto era mesmo transfer para camisetas de algodão cor clara, e ela confirmava. Três dias antes da data acertada para a entrega, a cliente esteve na minha empresa a fim de saber como estava o andamento do serviço e eu menti dizendo que já estava em produção. Ela pediu para ver, mas eu disse que somente mostraria quando tudo estivesse pronto, ela confiou e foi embora.

Comecei a ficar preocupado, pois os transfers não chegavam. Mas depois de meia hora o correio chegou. Porém, quando abri a embalagem, não eram transfers e sim papel couché impresso em offset para fabricação de quadros de serigrafia. Fiquei desesperado e então lembrei de ter visto uma entrevista com Hajime Otsuka, da Shopping Screen, sobre cromia e liguei pra ele. Hajime me acalmou e me passou todas as informações de como eu deveria proceder.

Conforme as orientações recebidas, corri para a gráfica de um amigo meu, o Pitu Frettas, mesmo local onde estavam sendo produzidos os cartazes para a festa da padroeira, para poder rodar os fotolitos em papel vegetal a fim de que eu pudesse revelar as telas, lembrando que até então eu nunca havia revelado nem silkado uma cromia. Ficamos na gráfica das 5 da tarde até as 9 da noite para poder imprimir as artes, pois ninguém sabia como tirar as retículas para serigrafia, e enfim cheguei à empresa para revelar as telas.

Consegui revelar todas até meia-noite, e finalmente a impressão ficou perfeita. Todas as camisetas ficaram prontas dentro do prazo, a cliente vendeu todas e meu trabalho foi elogiado. Meus amigos da área da serigrafia passaram a me solicitar para fazer esse tipo de serviço. Aprendi então que na dificuldade também se cresce”, relata Albert.

Albert sempre procurou evoluir, adquirindo conhecimentos e se capacitando a cada dia. Buscando novidades e oferecendo sempre algo novo a fim de proporcionar qualidade e satisfação ao cliente.

Ele observa uma grande evolução desde que começou na serigrafia até os dias atuais:

“Antes usávamos papel ofício e passávamos óleo de comida para poder revelar as telas de organza em moldura de madeira, presas com brochas de sapateiro, e usávamos muita letra decalk. Hoje temos quadros de alumínio, rodos com cabo de alumínio, emulsões com diazo, fotopolímeras, papéis inkjets para jato de tinta, mesas de revelação com lâmpada UV, fitas de led UV, poliéster de várias lineaturas, e veio também a sublimação para somar com a serigrafia e as impressoras DTG. Enfim avançamos muito em termos tecnológicos, passando das pinturas chapadas, dos filmes de recorte para cromias hoje simulados e indexados, power films, transfers, foils entre outros. Minha história da serigrafia não foi diferente de muitas histórias por aí, muitas lutas, muito prejuízo ao longo dos anos, pois não tínhamos tudo fácil. Hoje temos internet, Google, YouTube, redes sociais, mídias sociais, lives… tudo de fácil acesso para pesquisarmos antes de executar o serviço. Antes tínhamos que tentar arriscar fazer e torcer para dar certo. E quando não dava o prejuízo era inevitável, horas de trabalho perdidas, dinheiro, mas conseguíamos com perseverança. Hoje posso dizer que estou bem, aprendi a amar o que faço, cresci nesta área e tenho minha própria empresa, cresci em conhecimento, como pessoas e como profissional”, comenta.

Albert finaliza com um agradecimento e com uma dica para quem está começando no ramo:

“Agradeço à minha mãe, Edite, e ao meu amigo Gervásio (Neguinho Art). A serigrafia segue em franco crescimento. Tem lugar para todos. Qualifiquem-se e perseverem que a vitória vem!”

transcorcomunicacaoeimpressao@gmail.com

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